Não, caro leitor, nós não inserimos a imagem na posição errada, mas ao que parece é assim que está a prefeitura atualmente! Quando as urnas se fecharam naquele outubro de esperança, Pedro Gomes acreditou ter encontrado, enfim, o condutor de seu destino. O delegado, agora prefeito, ergueu a bandeira da mudança solitária, prometendo libertar a cidade das amarras partidárias e da politicagem tradicional. Sete meses depois, a única coisa que se libertou foi a ilusão.
O que se vê hoje não é um governo, mas um palco mal iluminado onde a incompetência se disfarça de devoção, e a incapacidade administrativa é encoberta por gestos vazios de simbolismo religioso. Enquanto os serviços públicos definham especificamente na saúde, e o diálogo com a Câmara se esfacela, o prefeito insiste em uma narrativa fantasiosa: a de que a solução para os problemas da cidade não está em projetos, em gestão ou em articulação política, mas em água benzida e caça às bruxas.
É um espetáculo triste. Um líder que, em vez de enfrentar os lobos da política – como tanto prometeu –, tornou-se refém de sua própria ingenuidade. Criou inimigos onde deveria construir pontes, afastou aliados quando mais precisava de apoio e, agora, recorre ao discurso da fé não para inspirar, mas para justificar seu despreparo. A população, majoritariamente católica, não se deixa enganar: ninguém confunde espiritualidade com negligência.
Pedro Gomes não precisa de exorcismos. Precisa de humildade para admitir que governar não é um ato de vontade individual, mas um exercício coletivo. Precisa entender que a prefeitura não é um pulpito, e sim uma máquina que exige competência, planejamento e diálogo. Se continuar a trocar a administração pelo teatro místico, o pesadelo não terminará em três anos – deixará marcas profundas na cidade.
A porta da prefeitura ainda está lá. Resta saber se, ao atravessá-la em 2029, o prefeito levará consigo algo além do orgulho ferido e das promessas não cumpridas. Pedro Gomes merece mais. Muito mais.

