Liderada pelo vereador Lobinho, cobrança tem aval de toda a Casa, inclusive da base do prefeito. Verba e empresa existem, mas assinatura de Murilo Jorge não sai, e período chuvoso se aproxima.
A situação da Avenida Maycon de Oliveira Feitosa se assemelha a um drama sem fim, uma trama onde os personagens principais – os moradores – são condenados a assistir, impotentes, a um embate entre o Poder Executivo e a realidade. O enredo é conhecido: uma obra urgente, essencial para a mobilidade urbana, está paralisada não por falta de recursos ou de executor, mas por uma inexplicável falta de vontade política manifestada na ausência de uma simples assinatura.
Há meses, a promessa do asfaltamento ou recuperação da via ecoa nos corredores da Câmara Municipal. Em sessão parlamentar, um representante do prefeito Murilo Jorge foi categórico: faltava apenas a chancela final do chefe do executivo para que os recursos, já disponíveis, fossem liberados e as máquinas entrassem em ação. O prazo dado foi otimista: “duas semanas”. No entanto, o calendário agora se aproxima do final de setembro, e o que se vê na avenida é o mesmo cenário de descaso, sem qualquer sinal de que a promessa sairá do papel.
Agora, um novo e significativo capítulo se abre neste impasse: a cobrança ao Executivo ganhou um líder e, mais importante, uma união rara no legislativo. A iniciativa é encabeçada pelo vereador Lobinho, que conseguiu o aval de todos os demais parlamentares, incluindo os representantes da base de apoio do prefeito. Este consenso transversal é um sinal político contundente de que a inação do prefeito Murilo Jorge não é mais aceitável nem mesmo para seus aliados, colocando-o em um isolamento político crescente.
A morosidade transforma a espera em um pesadelo logístico para os residentes. Veículos enfrentam trechos irregulares e perigosos, enquanto pedestres disputam espaço com a precariedade. O agravante, no entanto, é o calendário implacável que se aproxima. Com as festividades de fim de ano e o subsequente recesso parlamentar, a janela para ações políticas eficazes se fecha. Mais crítico ainda é a iminência do período chuvoso, que tradicionalmente inviabiliza obras deste tipo, condenando a população a, no mínimo, mais alguns meses de espera em condições ainda piores.
Diante do silêncio eloquente da Prefeitura, a pergunta que não quer calar, agora ecoada de forma unânime pela Câmara, é: o que ou quem está impedindo o prefeito Murilo Jorge de dar andamento a uma obra tecnicamente apta e financeiramente garantida?
A reportagem buscou a versão do Executivo, mas esbarrou no muro de opacidade que certos setores da prefeitura insistem em erguer contra a imprensa fiscalizadora. A recusa em se comunicar não é apenas uma afronta ao trabalho jornalístico; é uma afronta ao direito público à informação e, agora, também ao Poder Legislativo em sua função constitucional de fiscalizar. Uma gestão que se cala perante uma cobrança tão unânime alimenta suspeitas severas. O que haveria de tão sensível nas entrelinhas desse processo que justifique tanto secretismo e até o rompimento da harmonia com sua própria base?
A postura do prefeito Murilo Jorge levanta sérias questões sobre transparência e compromisso com o bem-estar público. O fato de a cobrança ser liderada pelo vereador Lobinho e ter o apoio de toda a Casa, inclusive de seus aliados, expõe uma crise de gestão e confiança. Cabe aos vereadores, fortalecidos por esta união, usarem todas as ferramentas legislativas à disposição para investigar a fundo as razões dessa paralisia. A população da Avenida Maycon de Oliveira Feitosa, e toda a cidade, merecem mais do que promessas vazias e silêncios suspeitos. Merecem respostas, transparência e, acima de tudo, a obra que lhes foi prometida. O tempo, e as chuvas, não esperam.
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