Um crime de extrema crueldade, cometido na noite de domingo (23/11) em Dourados, tornou-se o triste símbolo de um problema que assola Mato Grosso do Sul. O venezuelano Cristian Alexander Cabeza Henriquez, de 44 anos, está preso e responderá por feminicídio qualificado após assassinar a ex-companheira, Alliene Nunes Barbosa, de 50 anos, a golpes de faca. O caso, que chocou a comunidade local, é o 37º registro deste tipo no estado em 2025, reacendendo o debate sobre a eficácia das medidas protetivas.
A vítima, Alliene Nunes Barbosa, que havia servido como guarda municipal, possuía uma medida protetiva contra o agressor, instrumento legal que, neste caso, não foi capaz de salvar sua vida. A violência ocorreu na Vila Sulmat, após uma discussão, e foi executada com uma brutalidade estarrecedora: 23 golpes foram desferidos contra Alliene.
A agonia da cena foi amplificada pelo fato do crime ter sido cometido na frente do filho dela, de apenas nove anos. Testemunha ocular da violência contra a própria mãe, o menino viu-se forçado a ter uma reação de adulto em meio ao trauma. Após o ataque, Cristian trancou o portão da casa e fugiu. Para buscar socorro, a criança precisou pular o muro da residência, um ato de desespero que ilustra a vulnerabilidade em que foram deixados.
Quando a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros chegaram ao local, Alliene já não tinha sinais vitais. A operação policial para capturar o agressor foi bem-sucedida horas depois, quando ele foi localizado e preso na casa de sua mãe, na Vila Industrial. Atualmente, Cristian aguarda audiência de custódia em uma cela da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário).
O caso vai além de um homicídio passionais e se enquadra na lei do feminicídio, pois envolve violência doméstica e menosprezo à condição de mulher. Este é o 37º registro do tipo em Mato Grosso do Sul neste ano, um número que evidencia uma epidemia de violência de gênero e coloca o estado em alerta máximo.
A morte de Alliene deixa marcas profundas na comunidade e uma pergunta que ecoa: até quando as medidas de proteção serão insuficientes para frear a onda de violência contra as mulheres? Enquanto a justiça prepara-se para julgar mais um caso, a sociedade sul-mato-grossense se vê obrigada a contar mais um número em uma estatística que não para de crescer.
créditos foto: Osvaldo Duarte
