Em mais um ato de desrespeito aos trâmites legais, prefeitura descaracteriza veículo público estadual em menos de quatro dias, evidenciando uma administração que insiste em burlar normas para benefício próprio.
O que era para ser um reforço no combate à dengue e outras doenças endêmicas transformou-se, em menos de quatro dias, em um símbolo dos desmandos administrativos que caracterizam a gestão municipal de Pedro Gomes. Um veículo zero quilômetro, entregue pelo governo do estado no último dia 24 de novembro para exclusivo uso no combate a endemias, foi rapidamente descaracterizado pela prefeitura e convertido em carro de passeio para o alto escalão do governo municipal.

A ação, realizada às pressas e sem qualquer cerimônia, consistiu na simples retirada dos adesivos oficiais que identificavam a finalidade do automóvel. O que se vê agora não é um bem público dedicado à saúde, mas um veículo “genérico”, pronto para servir aos interesses particulares de secretários e outras autoridades. A medida fere frontalmente as determinações da secretaria estadual, que afirma categoricamente ser vedada a retirada da identificação e a realocação do veículo para qualquer finalidade diversa da original.

Este episódio não é um caso isolado. Ele se soma a uma sequência de ações da atual administração que demonstram um padrão de desprezo pela legalidade. No início do ano, a gestão já havia demonstrado similar aversão às normas ao alterar, por conta própria e sem a devida autorização da Câmara de Vereadores, as cores padrão do município em uma escola municipal. A existência de uma lei que regulamenta as cores dos órgãos públicos foi simplesmente ignorada, em mais uma tentativa de impor a vontade do executivo sobre o arcabouço legal.
A Cultura do “Jeitinho” e a Publicidade Enganosa
O cerne do problema, no entanto, vai além do desvio de finalidade de um bem público. Trata-se de uma estratégia administrativa perniciosa que tenta, constantemente, passar por cima de regras e leis para criar uma narrativa de eficiência que não existe. A publicidade enganosa tornou-se uma ferramenta de governo.
A entrega do veículo pelo estado, por exemplo, foi provavelmente amplamente divulgada como uma “conquista da administração”. No entanto, o desfecho real – o desvio para uso privilegiado – é cuidadosamente escondido. A população, que deveria ser a verdadeira beneficiária, é duplamente prejudicada: fica sem o recurso para a saúde e é tratada como ingênua, incapaz de perceber o jogo de aparências.

A Reação Desesperada: Atacar as Críticas em Vez de Corrigir os Erros
Diante das denúncias que surgem em matérias jornalísticas e grupos de WhatsApp, a reação da prefeitura não é a transparência ou a correção de rumo, mas a tentativa de iludir a população. Em vez de assumir a falha e regularizar a situação, a estratégia tem sido “rebater” as críticas, tratando-as como fake news ou oposição infundada.
Essa postura, no entanto, só tem servido para corroer a credibilidade do governo perante seu eleitorado. A população pedrogomense não é fácil de se iludir. Cada ato de desvio de verba, de desrespeito à lei ou de tentativa de encobrir falhas é um passo para a perda de confiança. A honestidade, que deveria ser a base de qualquer gestão, exigiria que a administração assumisse seus erros publicamente e os consertasse, em vez de achar que pode administrar por meio de mentiras e subterfúgios.
Enquanto a ética e a legalidade forem tratadas como obstáculos e não como pilares, a gestão de Pedro Gomes continuará a ser sinônimo de confusão administrativa e descaso com o bem público. O carro que deveria combater mosquitos tornou-se, ironicamente, o veículo que transporta a imagem de uma administração que põe seus interesses acima da lei e da saúde da população.






