A morte de um jovem na Paraíba, após entrar em uma jaula de leões, reacende um debate que o Brasil insiste em adiar: a negligência no tratamento da saúde mental. O caso, segundo relatos iniciais, envolve um rapaz que sofria com transtornos psicológicos e que, mesmo assim, não recebeu a atenção necessária para evitar um desfecho trágico. O episódio deixou evidente que não se trata apenas de uma fatalidade, mas de uma combinação perigosa entre vulnerabilidade, ausência de acompanhamento adequado e falhas estruturais no cuidado com pessoas em sofrimento psíquico.
A saúde mental no país ainda é tratada de forma desigual. Enquanto campanhas incentivam a procura por ajuda, a rede pública segue sobrecarregada, com poucos profissionais, demora em atendimentos, falta de acompanhamento contínuo e quase nenhuma atenção aos casos considerados de alto risco. Pessoas com transtornos mentais severos, especialmente aquelas que poderiam apresentar comportamento impulsivo ou desorganizado, ficam expostas à própria sorte, sem suporte familiar, clínico ou institucional suficientes.
Quando o cuidado falha, o risco extrapola o individual. A falta de acolhimento adequado pode levar a situações que representam perigo para a pessoa e para terceiros. No caso da Paraíba, o acesso do rapaz a uma área restrita, sem supervisão, mostra que não houve contenção, orientação ou monitoramento. Isso demonstra que o tratamento de saúde mental não pode ser desconectado de políticas de proteção e prevenção.
Especialistas reforçam que crises psicológicas graves não surgem do nada. Elas dão sinais. Desorientação, impulsividade e comportamentos de risco são alertas que precisam ser levados a sério. Ignorar esses sinais, por falta de preparo, recurso ou prioridade, coloca vidas em perigo.
A tragédia expõe uma ferida aberta: saúde mental não pode continuar sendo tratada como algo secundário. É urgente investir em políticas públicas consistentes, equipes multidisciplinares, programas de acompanhamento contínuo e educação para que familiares e instituições saibam identificar riscos e buscar apoio. A sociedade também precisa abandonar o estigma que isola quem sofre, afastando essas pessoas justamente quando mais precisam de conexão e cuidado.
A morte do jovem não é um caso isolado. É um retrato de um sistema que falha, repetidamente, em proteger aqueles que mais precisam. Fica o alerta para que novas vidas não sejam perdidas por negligência, falta de estrutura e indiferença com a saúde mental.
