A Escola Esquecida: A Luta de Pedro Gomes(MS) por Educação Digna

Enquanto o sinal anuncia o segundo semestre de mais um período letivo, o cenário que se apresenta aos alunos da Escola Estadual Cleuza, em Pedro Gomes (MS), é de deterioração e abandono. Rachaduras que serpenteiam pelas paredes, infiltrações que mancham os tetos e o constante temor de que a estrutura, parada no tempo há 20 anos, possa não resistir. Esta é a realidade cotidiana de centenas de estudantes, uma narrativa de descaso que se repete ano após ano, apesar de inúmeros apelos.

A saga pela reforma da escola transformou-se em um símbolo da luta de uma comunidade inteira por um direito básico: educação em um ambiente seguro e digno. A reportagem do Conexão PG News, no início deste ano, escancarou a situação crítica do prédio. As imagens, que correram as redes sociais, chocaram e envergonharam. No entanto, passados meses, a única mudança foi o agravamento dos estragos.

Vejam a reportagem: https://conexaopgnews.com.br/uma-tragedia-anunciada-a-escola-estadual-professora-cleuza-teodoro-e-o-descaso-do-poder-publico/

Por trás das câmeras, uma batalha silenciosa e frustrante se desenrola nos corredores do poder. Vereadores da pequena cidade e deputados estaduais de diversas bancadas, em rara unanimidade, têm se empenhado em enviar ofícios, requerimentos e pedidos de providência à Secretaria Estadual de Educação (SED). A resposta, ou melhor, a ausência dela, é unânime: um silêncio ensurdecedor que ecoa como uma afronta à população.

“É como se gritássemos dentro de um baú e ninguém ouvisse”, desabafa um vereador, que prefere não se identificar. “Os pais estão desesperados. E nós, como representantes, nos sentimos de mãos atadas perante a morosidade do Estado.”

A promessa de que a situação chegaria ao conhecimento do governador Eduardo Riedel trouxe um fôlego de esperança. Políticos locais asseguraram à comunidade e à imprensa que o pleito havia sido elevado ao mais alto escalão do Executivo. Mas o que se vê, no chão da escola, é a mesma paisagem de negligência. A distância entre a promessa em Campo Grande e a realidade em Pedro Gomes parece intransponível.

Para os pais e alunos, a mensagem é clara e dolorosa. “É uma sensação de que não somos prioridade, de que nossos filhos não importam”, diz Maria Silva, mãe de dois estudantes. “Pagamos nossos impostos como todos os outros, mas nosso retorno é esse abandono. O que mais precisa acontecer para que eles ajam? Uma tragédia?”

A Escola Creuza não é um caso isolado, mas tornou-se o epicentro de um descontentamento generalizado. Ela representa o descuido com o interior, a morosidade da máquina pública e o desrespeito com o futuro de milhares de jovens que, apesar de tudo, insistem em buscar conhecimento dentro de suas salas de aula avariadas.

A população de Pedro Gomes permanece na expectativa. Não por caridade, mas por direito. O pleito é simples, direto e justo: que o dinheiro público, fruto de seu trabalho, seja revertido em uma reforma urgente e necessária. Eles não pedem palácios, pedem apenas telhas que não gotejem, paredes que não rachem e um ambiente que, longe de oferecer riscos, inspire e proteja seus filhos. Enquanto o poder público não agir, o sinal de alerta continuará tocando, não apenas para o início das aulas, mas como um alarme constante de negligência.

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