Em continuidade à nossa última reportagem sobre autismo – https://conexaopgnews.com.br/autismo-experiencias-e-convivencia, destacamos hoje, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril), os principais marcos históricos que moldaram a compreensão e o tratamento desse transtorno ao longo dos anos.
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As origens do termo e os primeiros estudos
O termo “autismo” foi cunhado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever um sintoma de isolamento em pacientes com esquizofrenia. No entanto, foi apenas décadas depois que o autismo começou a ser estudado como uma condição distinta.
- 1943: O psiquiatra Leo Kanner publica “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, descrevendo 11 crianças com isolamento extremo, resistência a mudanças e peculiaridades na comunicação, como inversão de pronomes e ecolalia. Ele cunhou o termo “autismo infantil precoce”.
- 1944: O médico austríaco Hans Asperger descreve um quadro semelhante, porém com linguagem mais desenvolvida e foco intenso em interesses específicos. Seu trabalho, publicado em alemão durante a guerra, só ganhou reconhecimento internacional nos anos 1980.
A longa jornada por um diagnóstico preciso
Nas décadas seguintes, o autismo foi frequentemente mal interpretado, associado erroneamente à esquizofrenia ou até mesmo a falhas na criação.
- 1952: O DSM-1 classifica o autismo como um subtipo da esquizofrenia infantil.
- Anos 50 e 60: A teoria da “mãe geladeira” (que culpava pais emocionalmente distantes) é difundida, mas posteriormente refutada. Estudos passam a apontar o autismo como um transtorno neurológico.
- 1978: O psiquiatra Michael Rutter redefine o autismo como um distúrbio do desenvolvimento, estabelecendo critérios mais claros.
Reconhecimento e inclusão nos manuais diagnósticos
- 1980: O DSM-3 reconhece o autismo como uma condição independente, classificando-o entre os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID).
- 1981: A psiquiatra Lorna Wing introduz o conceito de “espectro autista” e populariza o termo Síndrome de Asperger.
- 1994: O DSM-4 incorpora a Síndrome de Asperger, ampliando a visão sobre o TEA.
Avances científicos e mitos desmentidos
- 1998: Um estudo fraudulento de Andrew Wakefield associa vacinas ao autismo, gerando pânico. A pesquisa é desacreditada e retirada da revista The Lancet.
- 2014: O maior estudo já feito sobre causas do autismo revela que fatores ambientais têm peso similar ao da genética.
Direitos e conscientização no Brasil e no mundo
- 2007: A ONU estabelece o 2 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
- 2012: A Lei Berenice Piana (12.764/12) institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA no Brasil.
- 2020: A Lei Romeo Mion (13.977/20) cria a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (Ciptea), facilitando acesso a direitos.
O autismo hoje: um espectro em constante evolução
Em 2013, o DSM-5 unifica todas as subcategorias sob o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), classificando-o por níveis de suporte necessário. Em 2022, a CID-11 segue o mesmo caminho, consolidando uma visão mais abrangente e inclusiva.
A história do autismo é marcada por avanços científicos, lutas por direitos e a superação de estigmas. Hoje, busca-se cada vez mais inclusão, diagnóstico precoce e apoio personalizado para que pessoas no espectro possam desenvolver todo seu potencial.
