Na pequena Pedro Gomes, onde a política deveria ser o motor da comunidade, um vereador transforma o plenário em seu próprio teatro do absurdo. Suas sessões não são deliberativas; são exibições de uma informalidade que beira o desrespeito. Com os pés sobre a mesa — gesto simbólico de quem se coloca acima do cargo que ocupa — e conversas paralelas que ecoam como murmúrios de um acordo de boteco, ele confunde a Casa do Povo com a sala de sua própria casa. A postura não é apenas relaxada; é sintomática de um profundo descompromisso com a seriedade que o legislativo municipal exige.
Mas o problema vai muito além da falta de decoro. A verdadeira tragédia se desenrola na sua absoluta incapacidade de articulação política. Enquanto a cidade clama por melhorias, por investimentos em infraestrutura, saúde e educação, o vereador parece operar em um universo paralelo, isolado dos fluxos reais de poder. Sua inércia em construir pontes com deputados estaduais e federais — figuras-chave para a captação de emendas e recursos — é notória. Ele não negocia; não propõe; não persuade. Fica restrito ao seu pequeno palco, onde sua performance se limita a criticar grupos de redes sociais, como se a militância digital fosse o inimigo a ser combatido, e não eleitores que merecem respeito e propostas concretas.
Enquanto outros parlamentares buscam aliados em Campo Grande e em Brasília, ele parece acreditar que a política se resume a sessões vagas e a uma lealdade subserviente ao prefeito local. Segue, como um eco fiel, os passos do “chefe”, replicando não suas virtudes — se é que as tem — mas sim a arte das promessas não cumpridas. Aprendeu a tampar o sol com a peneira, mas esqueceu que a população sente o calor da inação. Os vídeos estão aí, documentando não a grandeza do seu trabalho, mas a pequenez do desempenho.
Sua postura nas sessões é o retrato falado de sua irrelevância política: um homem que foi eleito para fiscalizar e representar, mas que optou por bajular e imitar. Passa os dias mais preocupado em monitorar o que se diz sobre ele nas redes sociais do que em efetivamente fazer por que foi eleito. É a politicagem em sua forma mais vazia: sem conteúdo, sem articulação, sem resultados.
O recado, portanto, é claro e urgente: ou ele abandona essa postura negligente e começa a trabalhar de fato — construindo relações, articulando com outras esferas de poder, apresentando projetos e cobrando ações — ou o povo de Pedro Gomes, cansado de ser representado por uma caricatura, fará a mudança que a casa legislativa tanto necessita. Nas próximas eleições, a cadeira pode ficar vazia. E, pelo andar da carruagem, esse político não fará falta nenhuma na cadeira que ocupa atualmente.
