Um temporal de intensidade inesperada atingiu a cidade de Pedro Gomes na tarde desta quarta-feira, 12 de novembro, deixando um rastro de destruição e servindo como um alerta severo para os eventos climáticos extremos potencializados pelo aquecimento global. A força dos ventos foi suficiente para arrancar várias árvores pela raiz, destelhar casas e romper fios de energia e internet.
Diante da emergência, as autoridades municipais entraram em regime de urgência, deslocando equipes de serviços públicos para trabalhar na restauração da normalidade das vias públicas. O principal objetivo imediato é desobstruir ruas e garantir a segurança no tráfego. No entanto, a previsão é de que os trabalhos de limpeza geral se estendam por um bom tempo, uma vez que galhos, telhas e outros destroços estão espalhados por toda a cidade, inclusive no interior das residências dos moradores.

Entre os pontos de maior preocupação está a Escola Municipal Creuza, que já enfrentava uma batalha contra o tempo devido a problemas crônicos em sua infraestrutura. A unidade escolar, que vem há tempos solicitando uma reforma ao governo estadual, sofreu novos danos com o vendaval. O temporal agravou uma situação pré-existente, destelhou parte do prédio, levantando sérias preocupações sobre a retomada das atividades escolares. A tragédia climática expõe, de forma crua, a vulnerabilidade de equipamentos públicos negligenciados.
Na zona rural, o Assentamento Boa Vista também registrou danos significativos. Relatos iniciais dão conta de estruturas e casas destruídas. Até o fechamento desta matéria, informações concretas sobre a extensão total dos estragos no assentamento ainda estavam sendo apuradas pelas autoridades, que tentavam vencer a dificuldade de acesso e comunicação para dimensionar os prejuízos.

Em comunicado, a Defesa Civil reiterou o alerta para a ocorrência de vendavais e tornados, que são fenômenos comuns no período de primavera e verão na região. Entretanto, o órgão foi enfático ao destacar um agravante de proporções globais: os efeitos do aquecimento global.
Especialistas consultados pela reportagem explicam que o aumento da temperatura média do planeta atua como um combustível para eventos climáticos extremos. Oceanos mais quentes evaporam mais água, e uma atmosfera mais quente retém mais umidade. Essa combinação resulta em tempestades mais carregadas, mais intensas e com ventos significativamente mais fortes. O que antes poderia ser um temporal considerado “forte”, agora, sob a influência das mudanças climáticas, adquire uma ferocidade e uma frequência cada vez maiores.
O temporal em Pedro Gomes não é um evento isolado, mas parte de um padrão preocupante observado em todo o país e no mundo. A sequência de tragédias similares evidencia que as projeções climáticas mais alarmistas estão se tornando realidade, com prejuízos materiais e riscos à população.
Enquanto as equipes de limpeza trabalham para restaurar a normalidade na cidade, o evento deixa claro que a “nova normalidade” imposta pela crise do clima exige não apenas respostas emergenciais, mas também políticas públicas consistentes de mitigação e adaptação. A reconstrução de Pedro Gomes, que passa pela escola Creuza e pelo Assentamento Boa Vista, começa com a limpeza das ruas, mas o desafio maior permanece: conter o avanço do aquecimento global para evitar que cenas como as de hoje se repitam com ainda mais força e constância.





